Para os profissionais que tratam pacientes críticos, internados nas unidades de terapia intensiva, as infecções preocupam muito, pois depois do trauma, são responsáveis por altos índices de mortalidade. Os estudos revelam que 70% dos pacientes internados nas UTIs brasileiras recebem tratamento para algum tipo de infecção. Nesse ambiente, o risco de infecção é de 5 a 10 vezes maior do que em outros ambientes hospitalares e podem chega a representar 20% do total de casos registrados de infecção em um hospital.
Na quinta-feira e sexta-feira (16 e 17.4), a Diretoria da AMIB – Associação de Medicina Intensiva Brasileira estará reunida em sua sede, em São Paulo, para o lançamento da Campanha Nacional Prevenção de Infecção na UTI.

“Muitos são os fatores que contribuem para o desenvolvimento de infecções, temos que pensar que, hoje, o perfil do paciente que chega à UTI é muito diferente de 20 anos atrás. Devido à evolução da medicina que promoveu a sobrevida de pacientes com doenças graves, esses, quando são tratados nas UTIs, são mais velhos e, por terem passado por tratamentos radicais, são mais suscetíveis a um processo infeccioso. Por isso, é muito importante a atenção e a prevenção nesses pacientes”, disse o Dr. Fernando Suparregui Dias, presidente da AMIB.

Destinada à conscientização da população e de todos os profissionais e funcionários de saúde, a Campanha será baseada em “7 Pontos Chaves”. O primeiro deles e o mais preocupante é a Higienização das Mãos. “Essa é a principal medida de prevenção de infecções relacionadas aos cuidados de saúde. Infelizmente, a taxa de adesão a esse ponto chave é muito baixa, chegando apenas a 70% nos centros que apresentam os melhores resultados”, explicou o médico intensivista Dr. Thiago Lisboa, coordenador da Campanha.
O profissional acrescenta, ainda, que em 2009, a Organização Mundial de Saúde (OMS) iniciou uma campanha com foco na lavagem das mãos nos seguintes momentos: antes de tocar um paciente, antes de um procedimento asséptico (de limpeza), após risco pela exposição a fluídos corporais, depois de trocar um paciente e após o contato com as áreas próximas ao paciente.

Outro ponto chave é o Uso Racional de Antimicrobianos. Estima-se que de 500 mil a 1 milhão de mortes ocorram no mundo devido à resistência antimicrobiana. Um fato alarmante é o crescimento do consumo global de antibióticos no ambiente hospitalar na última década, que bateu a casa dos 40%. Estudos estatísticos revelam que se nenhuma mudança ocorrer, em 2050, o mundo registrará cerca de 10 milhões de mortes associadas à resistência a antibióticos e antimicrobianos, superando a morte por câncer, por exemplo. “O uso racional desses medicamentos na UTI, restringindo-se espectro e duração minimamente necessários, é a melhor maneira de combater a emergência de resistência no ambiente hospitalar e, principalmente, nas unidades de terapia intensiva”, alerta Dr. Thiago Lisboa.
Os demais pontos chaves são: Rastreio e Medidas de Isolamento dos Casos; Vigilância Epidemiológica; Limpeza Adequada do Ambiente; e Educação Continuadas dos Profissionais de Saúde.