“É preciso manter a economia viva,

gerando investimentos, empregos e renda”

Fernando Valente Pimentel, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), ao comentar a reunião do Copom, realizada nos dias 14 e 15 de junho, pondera que a taxa básica de juros do Brasil encontra-se em níveis muito elevados. Passou, em pouco mais de um ano, de 2% para 13,25%, conforme decisão anunciada pelo órgão.

“Os Estados Unidos já iniciaram a elevação dos juros e a União Europeia está em vias de começar a adotar medida nessa direção. Porém, no Brasil, estamos num patamar muito acima das demais nações”, ressalta Pimentel, acentuando: “Ficamos apreensivos, porque, embora nosso país tenha memória inflacionária ainda não totalmente extirpada, a Selic muito alta provoca enorme encarecimento do crédito para as famílias e empresas e aumento das despesas do governo com os juros da dívida pública, prejudicando o ajuste fiscal”.

O presidente da Abit lembra que o efeito do juro alto é a retração da economia. Entretanto, o Brasil já não tem estimativa elevada para o crescimento do PIB este ano. A verdade é que o mundo corre risco de um estagflação conforme tem sido possível observar nos indicadores internacionais. “Entendemos que a dose da Selic já seja suficiente, num cenário no qual a maior parte dos problemas no País não advém de um excesso de demanda, como pode até ser o caso dos Estados Unidos”. Aqui, segundo Pimentel, a inflação está ligada muito mais a uma questão de oferta, que impacta o preço da energia e dos alimentos, tendo em vista a crise mundial, os lockdowns e a guerra entre Rússia e Ucrânia.

“Está mais do que na hora de encerrar o ciclo de aumento da Selic. É premente combater a inflação, um mal horroroso que nos assombrou durante anos, mas, considerando o baixo desempenho atual do índice de atividade, a dosagem do remédio dos juros não pode matar o paciente”, afirma o dirigente, concluindo: “É preciso manter a economia viva, gerando riqueza, emprego e renda”.