Novo rodízio em São Paulo levanta preocupações pela aglomeração em transportes públicos

Especialista do Mackenzie analisa o aumento de passageiros nos ônibus (10%) e em trens e metrôs (12%)

Nesta última segunda feira, dia 11 de maio, começou a valer o novo rodízio anunciado na semana anterior pelo prefeito Bruno Covas, em São Paulo. Neste novo sistema, os veículos com numeração final ímpar só poderão circular nos dias ímpares e com os finais pares em dias pares. Segundo o prefeito, a medida tem como objetivo limitar a circulação de pessoas, já que a taxa de isolamento em São Paulo tem ficado abaixo de 50%. O ideal é acima dos 55% de taxa de isolamento.

Aqueles que descumprirem o novo rodízio serão multados em R$ 130,16 e perderão quatro pontos da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Independentemente de quantas vezes o motorista desobedecer a ordem será aplicada uma multa por dia para o mesmo veículo.

A ação vem sendo criticada por alguns especialistas, visto que aumentou o número de pessoas nos transportes públicos em 10% nos ônibus e 12% nos metrôs e ônibus. “Isso quer dizer que se nós pegarmos o ônibus com 50 pessoas, que poderiam estar em seus automóveis, equivale a dois quarteirões e meio de veículos enfileirados”, comenta Luiz Vicente Figueira de Mello Filho, especialista em mobilidade urbana e engenheiro mecânico e de tráfego da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas. Na questão dos metrôs e trens a preocupação aumenta. “Podemos ter até 300 pessoas em apenas um vagão, o que tem a equivalência de 1,5 km de veículos enfileirados”, ressalta o especialista.

Visualmente se reduz a circulação de veículos, mas não a circulação de pessoas que, neste caso, ficam aglomeradas aumentando a chance de propagação da covid-19. “Agora só daqui 14 dias saberemos se essa tomada de decisão foi realmente positiva, porque a tendência é que o nível de contaminação em função do uso do transporte público agrave ainda mais a disseminação da covid-19 na cidade de São Paulo”, finaliza Luiz Vicente.

O rodízio não se aplica aos prestadores de serviços considerados essenciais, como segurança, serviço funerário, profissionais da saúde e de imprensa. A prefeitura de São Paulo criou um canal onde cada prestador poderá se cadastrar para conseguir circular pela cidade independente do número da placa de seu veículo.