Caracterizada por alterações hereditárias no DNA, atinge mais de 7 milhões de pessoas no país

Considerada uma das maiores enfermidades hereditárias do Brasil, a Doença Falciforme atinge cerca de sete milhões de brasileiros, predominantemente entre indivíduos negros, segundo dados do Ministério da Saúde (MS). Caracterizado por alterações no sangue, o problema pode provocar o comprometimento de funções importantes do organismo, como as cerebrais e pulmonares, caso o portador não receba a assistência adequada.
 

De acordo com o médico hematologista do Grupo Sabin, Felipe Furtado, embora tenha bastante incidência no país, a patologia ainda é pouco conhecida pela população. “Trata-se de uma doença genética hereditária, ou seja, a pessoa já nasce com essa condição. As células sanguíneas que normalmente são arredondadas, em pessoas com o diagnóstico falciforme, se tornam mais rígidas, assumem formato de foice, dificultando o transporte de oxigênio para cérebro, pulmões, rins e outros órgãos”, explica o médico.
 

O sintoma mais comum apresentado pelos pacientes, de acordo com o especialista, é a dor aguda nos ossos, que pode começar ainda quando criança. “Se o paciente não receber tratamento adequado, podem surgir outras complicações, como anemia crônica, retardo do crescimento, infecções e infartos pulmonares, acidente vascular cerebral, inflamações e úlceras. É uma enfermidade que requer acompanhamento contínuo”, acrescenta.
 

O Teste do Pezinho, realizado nos primeiros dias de vida, e os exames de análises clínicas capazes de apontar a porcentagem de hemoglobina S no sangue, são formas de se obter o diagnóstico de pessoas com falciforme. “Além de identificar outras enfermidades, o exame é capaz de detectar se a criança é portadora da Doença Falciforme. Quanto mais cedo for feito, maiores são as chances de receber o tratamento adequado e de se controlar a condição”, alerta Felipe Furtado. O Teste do Pezinho é feito com apenas algumas gotas de sangue do bebê que podem indicar problemas metabólicos, genéticos e infecciosos.
 

Uma das novidades no tratamento dos pacientes com diagnóstico falciforme, de acordo com o especialista, é o transplante de medula óssea. “Hoje existe um tratamento curativo, que é o transplante de medula óssea, no entanto, nem todos os pacientes têm indicação para o procedimento, que possui seus riscos, dada a sua complexidade”, esclarece o médico.
 

Com isso, segundo o especialista, o tratamento convencional dos pacientes com diagnóstico de falciforme é feito por meio de acompanhamento médico contínuo, inclusive para transplantados.
 

“O tratamento é capaz minimizar as complicações da doença e melhorar a qualidade de vida desses pacientes, baseado em um programa de atenção integral, que tem início ainda bebê e segue por toda a vida, com acompanhamento médico, avaliação periódica e exames laboratoriais para verificação dos índices de hemoglobina e outras possíveis alterações” complementa o médico hematologista, destacando a importância da criação, pela Organização das Nações Unidas, do Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Falciforme, celebrado em 19 de junho.