Para entender detalhadamente os perigos da chamada “barriga de cerveja”, que em muitas rodas de amigos até é motivo de piada e de risadas, é preciso compreender alguns conceitos sobre o armazenamento do excesso de energia no corpo humano.

É necessário entender, primeiramente, que a “barriga de cerveja”, ou aquela barriga mais “redonda e dura”, surge não pela alta ingestão de cerveja, mas pela alta ingestão de nutrientes muito calóricos, em quantidades acima do gasto energético total do indivíduo.

Sempre que há o excesso de calorias, também há a transformação da energia que sobra em gordura e, consequente, o seu armazenamento nas regiões de estocagem. Essas regiões variam muito de acordo com fatores genéticos e também com o histórico de desenvolvimento e crescimento do indivíduo, desde a gravidez.

No que diz respeito à região abdominal, o acúmulo de gordura pode acontecer logo abaixo da pele e por cima da musculatura abdominal – a chamada gordura subcutânea, aquela mais “molinha” e flácida, ou acontecer abaixo do músculo abdominal, junto aos órgãos ou vísceras, motivo pelo qual é chamada de gordura visceral.

A conhecida “barriga de cerveja” ou a barriga redonda e dura que muitas vezes aparece em pessoas que tem o resto da estrutura corporal magra ocorre, principalmente, pelo fato delas apresentarem uma tendência alta de acumular gordura abaixo da musculatura abdominal, fazendo que, com esse acúmulo, a musculatura seja empurrada para fora como uma “capa” ou “escudo” rígido da gordura.

O aspecto redondo e duro visto na “barriga de cerveja” se dá devido à musculatura abdominal resistir e dar forma mais definida do que quando a gordura está por cima da musculatura. Nesses casos, o escudo seria apenas a pele, que não tem tanta resistência como o abdômen, dando o aspecto mais “mole”.

Detalhado o porquê e como funciona o acúmulo de gordura na região abdominal, é fundamental alertar aos riscos que um se dá sobre o outro.

Um estudo realizado pelo Dr. Francisco Lopez-Jimenez em Rochester, Minnesota, nos Estados Unidos, indicou que o risco de mortalidade para homens que tem a “barriga de cerveja” é o dobro em relação aos homens que, ou são obesos, ou tem primordialmente um acúmulo de gordura subcutânea. No caso das mulheres, o risco de mortalidade é 32% maior. O estudo foi realizado com 15 mil adultos, em um período de quase 20 anos, o que representa números bastante significativos.

Esses dados vem reforçar a importância de entender a individualidade de cada caso. Mais do que isso, ressalta o grau de cuidado e de atenção que determinadas pessoas precisam ter em relação à saúde, sabendo que o tratamento também é de caráter individualizado. E a palavra tratamento não é sem razão, uma vez que a obesidade, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) a define como uma doença e, como tal, deve ser tratada.

Então, se você tem a famosa “barriga de cerveja” ou se diverte com amigos que as possuem, saiba que o assunto é sério, que merece atenção e mudança de hábitos com rapidez, sob sérios riscos de danos à saúde.

 Por ;  Cristiano Parente*

*Cristiano Parente é professor e coach de educação física, eleito em 2014 o melhor personal trainer do mundo em concurso internacional promovido pela Life Fitness, e diretor da Koatch Academia; idealizador da Certificação Mundial de Personal Trainers (www.worldtoptrainers.com)