Quem vive muito apressado não gosta de si mesmo. Tem sentido isso? É melhor perder um
minuto na vida do que a vida num minuto, diz um provérbio. Este alerta aos que trafegam nas
estradas traz em si uma profunda verdade. Nós devemos ser os donos do tempo. Ele está a
nossa disposição, precisamos aproveitá-lo, precisamos vivê-lo conscientemente. Então nós nos
damos tempo, nós desfrutamos do tempo.

Quem não se dá tempo arruína sua vida e muitas vezes paga sua inquietação e pressa com a
vida. Quem vive apressado odeia a si mesmo, não viver para si, mas contra si. Ele confunde
vida com agitação e pressa. Isto leva, muitas vezes, a um derrame cerebral ou ao infarto. O
que alguém pretendeu ter conquistado com a pressa é, de repente, arrancado de suas mãos.
Mas quem se dá tempo tem mais tempo para aquilo que gostaria de realizar na vida, chegará
calmamente ao seu objetivo. Ele faz de sua caminhada pela vida um prazer e não precisa
recuperar-se após uma caminhada estafante. Toma para si a todos instante apenas o que
precisa para a vida.

Quem quer viver precisa dar-se tempo. Sem tempo não há vida. A vida se consuma no tempo.
Somente aquele que se conforma com o seu ritmo adequado de vida mergulha na vida que lhe
convém. A inquietação faz parte de nossa vida, ela no impele a prosseguir crescendo, a não
procurar cedo demais a inatividade, mas viver de fato com gosto. Mas, mesmo assim, há
necessidade de fases de repouso, em que algo possa sedimentar-se. Caso contrário, a
inquietação toma conta.

Às vezes, a inquietação interna precisa de tempos de repouso
externo, para que possa manifestar-se em palavras. Nesse caso há necessidade de uma
retirada mais longa para ouvir os impulsos silenciosos que intranquilizam e que mostram que
aquilo que se está vivendo no tempo presente já não serve. Por isso, pensemos na nossa
pressa. Na pressa que, muitas vezes, nos sufoca. É preciso dar-se tempo.