Como resultado da crise financeira em decorrência da pandemia do COVID-19, muitos trabalhadores estão com problemas financeiros, contudo, a situação se agrava para os que solicitaram crédito consignado antes desse período.

“O crédito consignado é uma modalidade de empréstimo na qual o trabalhador vincula o pagamento ao seu salário, ou seja, as parcelas são descontadas antes mesmo do dinheiro cair na conta. O lado positivo é que isso faz com que os juros sejam menores, já o lado negativo é que se tem uma dificuldade muito maior em negociar em momentos extremos como a atual”, explica o presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (ABEFIN), Reinaldo Domingos.

Essa dificuldade já vem sendo sentida pelos trabalhadores da iniciativa privada, sendo que os bancos já anunciaram medidas para postergar os prazos de empréstimos e financiamentos, contudo, na maioria dos casos o consignado ficou de fora desses benefícios.

“Resta ao trabalhador que está passando por dificuldade buscar a área de recursos humanos e a instituição bancária e procurar uma alternativa individual nesse momento, contudo o caminho não é simples, sendo que vivemos um período de grande risco”, alerta Domingos.

Ainda em relação a essa linha de crédito, a grande preocupação fica para quem foi demitido. A notícia boa é que a Lei 14.020, que regulamentou a suspensão de contrato e redução de jornada durante a pandemia, permitirá que trabalhadores nessa situação possam renegociar seus empréstimos consignados, financiamentos e cartão de crédito com desconto em folha.

Essa medida terá validade até 31 de dezembro deste ano (período de calamidade pública) para todos os empregados e não somente aqueles que assinaram acordos individuais.

Tomar esse crédito?

Contudo, os problemas relacionados ao crédito consignado vêm antes mesmo da pandemia sendo que esse modelo de crédito estava crescendo muito se tornando uma das principais formas de endividamento da população. O resultado são recordes de inadimplência, portanto é preciso tomar muito cuidado na hora de utilizar essa linha de crédito.

E diante a crise ainda se tem muitos trabalhadores querendo tomar essa linha de crédito, para esses o presidente da ABEFIN preparou dez orientações que devem ser levadas em conta:

• É importante conhecer a sua real situação financeira antes de tomar qualquer crédito, fazendo um diagnóstico financeiro, descobrindo para onde vai cada centavo do dinheiro durante o mês e registrando as dívidas caso existam.

• Não permita que este empréstimo e que os problemas financeiros reflitam em seu desempenho profissional, pois será muito mais complicado pagar as contas sem nenhum salário.

• Antes de buscar pelo crédito consignado é preciso ter consciência de que o custo de vida deverá ser reduzido em até 30% do ganho mensal, isto porque a prestação deste reduzirá o seu ganho mensal diretamente em seu salário ou benefício de aposentadoria.

• A opção do crédito consignado é muito usada para quitação de cheque especial, cartão de crédito e financeiras, porém a troca simplesmente de um credor por outro, sem descobrir a causa do verdadeiro problema, apenas alimentará o ciclo do endividamento.

• A linha de crédito consignado pode ser bem utilizada, mas não deve fazer parte da rotina de um assalariado ou aposentado. Sua utilização deve ser pontual e ter um objetivo relevante.

• Tem sido comum o empréstimo do nome à terceiros por parte de aposentados e até mesmo funcionários, mas este procedimento é prejudicial a todos, por isso, deve ser proibido.

• Caso encontre taxas de juros mais baixas, a portabilidade também deste crédito é necessária. Para os funcionários o caminho será falar com a área de Recursos Humanos, para os aposentados as possibilidades são inúmeras, é preciso pesquisar.

• Os juros também são um grande perigo. Mesmo com taxas baixas, a cada ano esses valores representam um quarto do valor total emprestado. Exemplo: R﹩ 1.000,00 emprestados pagará R﹩ 250,00 de juros por ano.

Domingos ainda recomenda: “para quem quer tomar o crédito consignado, antes mesmo de assinar o contrato com a instituição financeira, é importante fazer uma boa reflexão e analisar se este valor, que será descontado diretamente no salário ou benéfico, não fará falta para os compromissos essenciais mensais”, finaliza.