Ao contrário do que a gestão de João Doria divulga, os testes em massa ainda não foram realizados nem nos servidores penitenciários nem na população carcerária, mesmo com orientação da OMS para testagem massiva contra contágios no ambiente prisional

O governo estadual paulista afirma ter realizado 70 mil testes rápidos do coronavírus (COVID-19) em trabalhadoras da segurança pública como policiais penais, militares e bombeiros, além de familiares dos servidores, como mostra reportagem do portal G1 publicada na última quinta-feira (4). Do total, 20% teriam tido resultado positivo, cerca de 14 mil pessoas.

A direção do SIFUSPESP ressalta que a afirmação do governo João Doria (PSDB) é falaciosa, pois até o momento não foram realizados testes rápidos em massa no sistema prisional, como o sindicato tem reivindicado desde março, antes mesmo do início da quarentena.

“Novamente o que estamos vendo é propaganda enganosa do governador Doria, na tentativa de mostrar serviço no combate à pandemia, mas a realidade é outra. O sistema prisional está esquecido, tivemos que brigar até para garantir o fornecimento de EPI e álcool, e não é diferente com os testes rápidos. Entramos com ação no MInistério Público do Trabalho porque os testes ainda não estão sendo feitos”, denuncia Fábio César Ferreira, o Jabá, presidente do SIFUSPESP.

Jabá recorda que, em 19 de maio, o Fórum Penitenciário Permanente, formado pelo SIFUSPESP, SINDASP e SINCOP, participou de reunião com a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), quando o chefe de gabinete da SAP, Amador Valero, e o assessor técnico Marco Severo, afirmaram que os testes rápidos chegariam ao sistema prisional numa segunda fase de testagens massivas realizadas pelo governo estadual.

Na época os representantes da SAP também explicaram que os testes só seriam realizados na unidades prisionais onde já existem registros da COVID-19, e não de forma massiva nos servidores e na população carcerária como reivindicam os sindicatos e como orienta a Organização Mundial de Saúde (OMS) para prevenção do vírus no ambiente prisional.

“É revoltante que os policiais penais, os demais servidores penitenciários e até nossas famílias sejamos usados para propaganda falaciosa do Doria. Até agora já morreram 15 trabalhadores do sistema prisional, outros 170 foram infectados e nada dos testes. Quem o governador quer enganar com esse faz de conta? São vidas em risco diante de uma doença fatal e a flexibilização da quarentena vai piorar o quadro”, alerta Jabá.

As unidades prisionais têm ainda 86 servidores penitenciários com suspeita de contágio, segundo apuração do sindicato (confira os dados por região). Na população carcerária são 104 confirmados com 12 mortes e 92 casos suspeitos de acordo com mapeamento do Departamento Penitenciário Nacional (Depen).

Jornalistas: Giovanni Giocondo (11) 94079-3832 e Flaviana Serafim: (11) 98835-4285