Vivemos em meio ao barulho. Os sons poluem nossos ambientes. Dificilmente em meio às grandes
cidades temos tempo e condições para o silêncio. A corrida do trabalho afeta a nossa vida. Também
nossa interioridade é afetada pela ausência de silêncio. Ele tem a capacidade de nos colocar em contato
com nossa alma. Na alma encontro a verdade que sou e que posso me tornar. Muitas pessoas ficam
longe de si mesmas devido à falta de silêncio interior.

Sua mente não está límpida. Está poluída por tudo. Silenciar é trazer a mente ao nosso controle. Os pensamentos se unificam em torno de nosso interior. Ali sinto que estou em casa. Os pensamentos vão se unindo em torno de uma única ideia. Até mesmo se unem em torno de ideia alguma. Isso esvazia o pensamento. A poluição já não me habita. As muitas ideias que me levam longe de mim, longe de casa, longe do contato com a minha alma perdem
sua força. Já não existem. Agora estou em torno de uma única ideia.

Atualmente as pessoas são jogadas para lá e para cá pela força dos pensamentos. Estão em contato com
diferentes realidades, cada qual exigindo sua dose de energia. Gastam sua energia e muitas vezes ficam
esgotadas. Eu preciso perceber quando estou enredado nesse turbilhão de coisas. Devo me perguntar,
onde me leva tudo isso. Se minha vida precisa passar por todas essas atividades, posso encontrar tempo
para, no silêncio, esvaziar o pensamento?

A rapidez das informações faz com que o mergulho nesse mundo polua a mente e faça o coração perder
a tranquilidade. Há pessoas que se perdem nesse cenário e já não conseguem ter foco. Diante disso se
perde a noção do que é importante. Dá para questionar onde me leva tantas informações. O que elas
ajudam para a qualidade de vida? Preciso de todas essas informações? Algumas pessoas compreendem
que não podem ficar desconectadas. Essa compreensão existe. Mas, o que ela traz? Seria bom pensar
também em quantas informações que recebo ou acesso que não me acrescentam nada.

Existe hoje aquilo que Augusto Cury chama de síndrome do pensamento acelerado. Significa ocupar o
pensamento o tempo todo sem descanso. Estar sempre mergulhado no turbilhão das ideias. Meu
pensamento é bombardeado por todos os lados pelas informações que vem de fora, pelas minhas
preocupações com a realidade que me envolve e com as moções interiores que nem sempre conheço
bem. Compõe o conjunto de minhas reflexões e ideias. Por vezes, isso se apresenta como um rolo
compressor que esmaga.

E perceber que isso pode estar acontecendo isso comigo é o primeiro passo para a mudança. Dar-se
conta de que podemos estar mergulhados nesse turbilhão que nos engole. 
O exercício de parar, fazer silêncio, ajuda muito. Mas é um exercício. Preciso aprender a praticar.
Encontrar no meu dia momentos em que eu possa estar comigo mesmo. Reduzir os pensamentos ao
vazio que me conecta com a alma. Ali me sinto inteiro. Ali os pensamentos não me jogam por todos os
lados, sem direção. 

Padre Ezequiel Dal Pozzo
contato@padreezequiel.com.br