Pandora é eleito presidente da Cooper Pam com 85% dos votos

A nova diretoria da Cooper Pam foi conhecida na noite desta segunda-feira, dia 4, após a eleição. Com 85% dos votos, a Chapa 1 – Compromisso e Responsabilidade, liderada pelo presidente Luiz Pandora, Izabel Bryan e Carlos Couto assumem para os próximos quatro anos. Foram 617 votos contra 97 da chapa 2 – Transparência e Igualdade, encabeçada por Leandro Nunes de Souza, João Batista Duarte, Francisco Siqueira da Silva. Houve 12 votos nulos e dois em brancos.

A votação ocorreu de forma tranquila na sede da garagem, que fica na Capela do Socorro (zona sul). Centenas de cooperados, muitos deles com seus familiares, não arredaram pé da garagem, mesmo chegando às 9h, horário que começou a votação, até o final da apuração, divulgada pela comissão das chapas por volta das 20h30.

Foi o caso do agente operacional Odirlei Medeiros da Silva, 38 anos, o Big Boy, que ficou o dia inteiro acompanhando a votação e parabenizou a nova diretoria. “Estou contente por ter vencido uma diretoria séria e não de inexperientes. Acertei no voto”, enfatiza Big Boy.

Para a vice-presidente Isabel Brayn, carinhosamente chamada de Bel pelos operadores, a responsabilidade e compromisso são de todos. “Vamos continuar trabalhando muito para suprir tanto as necessidades da cooperativa quanto do cooperado”, afirmou.

Após a divulgação do resultado, o presidente eleito fez um pronunciamento. Agradeceu pela confiança e diz que ter vencido só traz mais responsabilidade e afirmou que o grande compromisso é a disputa da licitação.

“Quando os cooperados começaram no sistema de transporte, a faixa etária era de 25 anos atualmente é de 50 anos. Não podemos brincar. Os cooperados dependem totalmente disso para a sua sobrevivência e da família. Não só aqui, mas todas as lideranças da cidade lutam diariamente pelo nosso povo. Transporte é coisa séria, não é para amadores”, enfatizou o presidente eleito.

Saiba mais

A Cooper Pam foi fundada em 1997 e completa 20 anos ano que vem e conta com 1.216 cooperados.

Opinião – Voto facultativo

Eleição após eleição ouve-se falar sempre que o cidadão deve votar consciente, exercendo bem a cidadania e, por consequência, fortalecendo a democracia. A recomendação mais incisiva vem da imprensa, enquanto os políticos e até a própria Justiça Eleitoral incentivam a conscientização sobre a importância de votar, apenas quando as eleições estão próximas.

Pior do que isso é a discussão a respeito da obrigatoriedade ou não do voto. O argumento dos defensores da obrigatoriedade limita-se e se esgota na tese de que o brasileiro não sabe votar e é desinteressado pela política.

Pode ser que o fato de ser forçado a votar aumente a presença de comparecimento às urnas, mas não aumenta a legitimidade dos eleitos, pois quem vota apenas para cumprir seu dever não se interessa pela escolha do candidato, não participa de suas decisões após eleito, e entende como plena sua própria cidadania apenas com o apertar de uma tecla.

Deveria ser cobrado, e não é, o envolvimento da sociedade nas decisões administrativas dos eleitos. A começar por debates nas escolas de Ensino Básico sobre as atribuições de cada Poder. Infelizmente, a discussão didática se limita em dizer que o Poder Legislativo faz leis, o Executivo as executa, e o Judiciário exige o cumprimento delas. Um clichê que decorei nos anos setentas.

Uma participação efetiva poderia se dar por meio do acompanhamento de um projeto de lei na Câmara e no Senado Federais por um grupo de pessoas. Visitas de alunos nas votações das assembleias legislativas estaduais e nas câmaras municipais, por exemplo, ajudariam na conscientização de como o parlamentar vota e como é aplicado o dinheiro público. Votações simuladas de projetos poderiam ser feitas nas escolas. Isso, sim, contribuiria para o aperfeiçoamento da cidadania. Efetivamente, o político só aparece quando é candidato, para dizer o seu número, numa disparada verbal que impossibilita decorá-lo.

Além do mais, essa obrigatoriedade assemelha-se à chamada indústria da multa. Quando deixa de votar, o cidadão paga uma multa de pouco mais de três reais, que tem a mesma relevância do voto. O dinheiro arrecadado com as multas vai para os partidos. Ora, os partidos são pessoas de Direito Privado, como outras quaisquer, ao receberem dinheiro de arrecadação pública, ferem, no mínimo, a razoabilidade e o bom-senso. Pouquíssimas pessoas sabem quanto se arrecada e nenhuma sabe dessa destinação. Seria muito mais justo o repasse a entidades de interesse social relevante.

O Brasil tem tradição em ser o último a acabar com as distorções. Foi assim com a escravidão que, muitos entendem, ainda continua; com os torturadores da Ditadura Militar, com a legalização do aborto e do casamento entre homossexuais.

Com a obrigatoriedade do voto ocorre o mesmo. Não se lê nada nos editoriais dos jornais; não se ouve nenhum democrata falar nisso no rádio nem na televisão; nenhum jornalista escreve sobre o assunto; não se sabe a posição de nenhum famoso a esse respeito, mesmo daqueles que são bem remunerados para falar a favor ou contra candidatos ou para ter medo de outros.

No Brasil, o que é normal e razoável passa a ser a exceção. Com os denominados formadores de opinião não poderia ser diferente. Eles são dolosos ou inconscientemente coniventes e mais comprometidos em manter e eternizar a mediocridade. Estamos nos acostumando com a política como sinônimo de falcatrua, compra de parlamentares e desculpas pela continuação permanente de problemas sociais.

Escrevi o primeiro texto sobre o fim do voto obrigatório em 1998. Somente o falecido Roberto Campos escreveu dois artigos no mesmo sentido. Depois, um ou outro mencionou essa questão, de forma superficial.

Com o voto obrigatório, o Brasil está atrás da Bolívia e do Haiti. Instituir o voto facultativo se faz imperioso até para tornar coerente a defesa decantada da democracia. Tornar um eleitor consciente tem se limitado em informá-lo sobre a cor certa do botão que deverá apertar na urna eletrônica. É elementar: não há democracia onde o voto é obrigatório.

Pedro Cardoso da Costa – Interlagos – SP

  Bacharel em direito