Selic cai com inflação sob controle, mas situação fiscal ainda preocupa

Com a queda da inflação observada desde o fim de 2016, a Taxa Selic vem caindo sistematicamente e passou de 14,25% em outubro de 2016 para 7,5% em outubro de 2017. A expectativa é de um corte adicional na última reunião do COPOM do ano, que levaria a taxa para 7% ao ano (o menor patamar da história).

A despeito das boas notícias no que se refere ao comportamento dos preços, da taxa de juros e às expectativas de retomada consistente do crescimento econômico para os próximos anos, a situação fiscal ainda é bastante delicada, de acordo com o professor de Economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Pedro Raffy Vartanian, “já que a dívida pública bruta se aproxima do patamar de 80% do PIB e, segundo algumas estimativas, em um cenário futuro pessimista este percentual poderia ultrapassar os 100% do PIB, já em 2020. Em 2011, a razão dívida/PIB estava em torno de 50%”.

Dívida pública elevada implica necessidade de aumento de impostos e/ou corte de gastos no futuro, segundo o economista. Para Vartanian “a experiência recente tem mostrado que o corte de gastos, apesar de mais adequado que o aumento de impostos, não tem avançado significativamente, o que sinaliza, no futuro, a criação ou aumento de impostos. ” É fato também que o crescimento da economia mais consistente a partir do próximo ano contribuirá para a redução da razão dívida/PIB, mas vale lembrar que o afrouxamento monetário dos Bancos Centrais dos países desenvolvidos está sendo revertido, com potenciais impactos para os países emergentes nos próximos anos.

 

ONDE INVESTIR COM A SELIC EM QUEDA LIVRE?

“Existem investimentos que se tornam ainda mais interessantes com a queda da Selic e que podem agregar à sua carteira de investimentos”,afirma André Bona, Educador Financeiro do Blog de Valor

       A queda da taxa Selic é o motivo pelo qual muitos investidores questionam os rendimentos de seus ativos, e ficam em dúvida sobre quais são as melhores opções para alocar seu capital. Num cenário de juros mais baixos é elementar para o crescimento da economia e controle da inflação, mas, mesmo com a redução da taxa e com a presença de modalidades de investimentos que tornam-se mais atrativas nesse momento, é importante lembrar que as necessidades do investidor devem ser priorizadas. Ou seja, para os investimentos em que o investidor necessite de liquidez e possa resgatá-los a qualquer momento, as opções atreladas à Selic e ao CDI continuam sendo as mais apropriadas, devido ao conservadorismo necessário para esse caso.

André Bona, Educador financeiro do Blog de Valor, explica: “Quanto aos investimentos, existem aqueles que se tornam ainda mais interessantes com a queda da Selic e que podem agregar, e muito, à sua carteira de investimentos. Porém, não adianta o investidor trocar um investimento por outro que possui maior potencial de ganhos com a redução da taxa, se esse outro não for adequado à suas necessidades pessoais. Isso porque, as ações são investimentos de longo prazo, portanto não devem ser utilizadas para reserva de emergência que requer investimentos conservadores e com características de curto prazo”, ressalta. De acordo com André, em tempos de queda na taxa de juros, títulos públicos e privados prefixados, como o Tesouro Prefixado (LNT), Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) e Letras de Crédito Imobiliário (LCI), podem ser boas opções. Os CDBs de banco menores, que oferecem opção de alto retorno de investimento e são garantidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) até R$ 250 mil, também são ativos interessantes para a composição da carteira. Já no mercado de ações, ativos ligados à infraestrutura em geral e de varejo, como por exemplo, os ativos de construtoras e de empresas ligadas à concessão de rodovias, companhias de vestuário e bebidas, administradoras de shoppings centers. Todos estes podem valer a pena em períodos de médio e longo prazo. Asdebêntures, apesar de serem mais arriscadas, podem se tornar opções interessantes se originárias de grandes empresas, porém, para investidores commaior apetite ao risco.

       A poupança continua sendo uma opção pouco recomendada a ser investida. Isso porque, sua rentabilidade diminui sempre que a taxa Selic for igual ou inferior a 8,5%. Na prática, a caderneta que até então tinha valorização de 0,5%+TR (Taxa Referencial), passa agora a render 70% da taxa. O Educador Financeiro comenta: “O investidor deve ter em mente que o importante é a rentabilidade real, ou seja, aquela acima da inflação. Pois, é melhor obtê-la com 8% ao ano e inflação anual de 3%, do que uma de 12% inflacionada em 9% ao ano, por exemplo”, finaliza.