Câncer: a importância da prevenção

A luta contra o câncer ganha força com o diagnóstico precoce da doença

Outubro Rosa chega para a conscientização das questões ligadas ao câncer de mama. A doença que deverá registrou aproximadamente 600 mil novos casos em 2016, sendo 295.200 em homens e 300.800 em mulheres, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), questões como prevenção e detecção precoce se tornam primordiais, principalmente quando se considera que cerca de 85% dos cânceres podem ser potencialmente evitáveis.

“A maior parte das mulheres só identifica a doença quando ela já está em desenvolvimento, devido ao aparecimento de irregularidades na pele, caroços nos seios, ou alterações no útero“ pontua José Karam, ginecologista obstetra da CISE – Clínica Integrada Santo Expedito. O especialista alerta que, muitas vezes, a enfermidade chega de forma silenciosa.

Tabagismo, sedentarismo e obesidade são fatores de risco que contribuem para um aumento da incidência da doença. “Ter hábitos saudáveis que vão desde a boa alimentação até a prática de exercícios físicos, diariamente, são grandes aliados na prevenção de doenças e dos variados tipos de câncer, como de mama, colo do útero ou próstata”, afirma o médico. Ele ressalta ainda, que os homens podem ser afetados pelo câncer de mama e, apesar de a incidência ser bem menor, não devem se esquecer de visitar o médico regularmente.

Prevenção

Os homens entre 50 e 70 anos precisam investigar o câncer de próstata nas consultas médicas, principalmente se houver histórico familiar da doença. As mulheres, por sua vez, precisam fazer exames preventivos ginecológicos. A mamografia é recomendada uma vez por ano para aquelas com mais de 35 anos, mesmo que não percebam nenhum sintoma.

Tratamento

O tratamento varia de acordo com a gravidade da doença e das condições biológicas do paciente, e podem ser divididos em dois tipos de terapias: local e sistêmica. A local inclui a cirurgia e a radioterapia, que são formas de tratar o tumor sem afetar o restante do corpo. Já a sistêmica trabalha com medicações orais ou pela corrente sanguínea, como é o caso da quimioterapia, capaz de atingir as células cancerosas em qualquer parte do corpo. O médico faz a indicação de cirurgia, quimioterapia e radioterapia ou das práticas combinadas, de acordo com cada caso. “O primeiro passo é fazer o diagnóstico completo com análises clínicas e biopsia para descobrir se o tumor é benigno ou maligno”, ressalta o ginecologista obstetra.

Os procedimentos, muitas vezes, podem implicar na perda de cabelos e, em casos de câncer de mama, na realização da mastectomia – retirada da mama,podendo abalar o emocional do paciente.

Infertilidade

A quimioterapia pode causar infertilidade para ambos os sexos. No caso das mulheres, o tratamento diminui os hormônios que produzem os óvulos saudáveis nos ovários. Essa queda nos hormônios pode levar a uma menopausa antecipada e, consequentemente, levar o paciente a infertilidade.

Nos homens, a quimioterapia pode afetar as células dos espermas, impedindo que eles cresçam e se dividam rapidamente, consequentemente, reduzindo o número de espermatozóides.

“O paciente em tratamento poderá ou não se tornar infértil. Tudo depende de qual tipo de quimioterapia você vai tomar, de sua idade ou outros problemas de saúde”, revela o especialista.

CÉLULAS-TRONCO AJUDAM NO TRATAMENTO DO CÂNCER INFANTIL

Pesquisa revela que aparecimento do câncer em crianças cresceu 13% nas últimas duas décadas

Segundo estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS), a frequência do aparecimento do câncer em crianças aumentou 13% nos anos 2000 em relação aos anos 1980. Dentre os fatores que os pesquisadores atribuem este aumento destaca-se uma acurácia no diagnóstico da doença e fatores ambientais.

Diante desses dados, um dos métodos mais estudados para o tratamento da doença tem sido a terapia com células-tronco, que podem ser utilizadas para reparar tecidos tratando enfermidades como o câncer (leucemias, linfomas) e algumas doenças imunológicas. “As células-tronco são usadas para recuperar o sistema hematopoiético (sistema que produz as células sanguíneas) de pacientes submetidos à quimioterapia ou à radioterapia. Nessas situações, a infusão (das células-tronco) é vital, uma vez que esses tratamentos também destroem o tecido que produz sangue (células-tronco normais) do paciente”, explicaNelson Tatsui, Diretor-Técnico do Grupo Criogênesis e Hematologista do HC-FMUSP.

O especialista ainda ressalta a importância de ter o material armazenado: “congelar as células-tronco é uma forma de prevenção, principalmente para quem possui histórico de doenças graves, sobretudo câncer, na família”, alerta. Além disso, Tatsui comenta que as células-tronco, além de serem compatíveis com o próprio bebê, possuem uma chance aumentada de compatibilidade entre irmãos. “Com as células criopreservadas, há maior rapidez no tratamento, uma vez que o paciente já possui as células saudáveis armazenadas e diminuição dos riscos de rejeição e efeitos colaterais após o transplante”, complementa.

COMO COLETAR E ARMAZENAR – Após a separação do bebê da mãe, por meio de uma punção na veia umbilical, é feito a drenagem do sangue e seu acondicionamento é realizado em uma bolsa contendo anticoagulante. Todo o processo de coleta deve ser concretizado com cuidados de esterilidade. O tempo de transporte entre a coleta e o processamento deve ser no máximo de 48 horas. “O procedimento de coleta é totalmente seguro, pois o sangue é retirado da placenta e cordão umbilical após a separação do bebê da mãe, durante o parto”, esclarece o especialista.

No Brasil, o material pode ser armazenado em Banco Público ou Banco Privado. “No caso de doação, o sangue ficará armazenado em uma unidade do banco público da rede BrasilCord à espera de um paciente compatível portador de uma doença hematológica grave. Nesse caso, a família não poderá reivindicar o sangue de cordão, uma vez que foi doado. No sistema privado, a família paga pelo serviço de coleta e armazenamento do cordão, ficando assim, disponível para o próprio bebê e para potencial uso na própria família”, finaliza.