Infecções e envelhecimento podem causar surdez nos pets

Ignorar os comandos de voz, latir menos, não notar a chegada dos tutores ou agir com surpresa e agressividade quando é tocado são alguns sinais do problema

Embora a perda auditiva em cães aconteça de forma gradual, os tutores nem sempre conseguem notar quando aparecem os primeiros sinais de que o mascote está desenvolvendo o problema. “O mais comum é que as alterações só sejam notadas quando estas se agravam”, explica a Dra. Carla Berl, diretora do Hospital Veterinário Pet Care. “Se tiver alguma suspeita, o tutor deve procurar um médico veterinário para avaliar o animal. É importante identificar a possível causa do problema e, principalmente, se o animal não tem outras alterações”.

Os principais fatores ligados à perda auditiva são herança genética e outras doenças. “As infecções crônicas de ouvido, causada por fungos e bactérias, e infecções virais, como cinomose, estão entre as causas mais comuns dos quadros de surdez nos pets”, alerta a médica veterinária. “O problema também pode estar ligado às doenças comuns em cães idosos, como a Sindrome Cushing, que atinge a produção de hormônios”, completa. Há ainda os pets que nascem com a deficiência. “Surdez congênita não é tão incomum para cães de raça pura como Dálmatas ou outras raças como Boston Terrier, Dachshunds, Collies, Bull Terrier e Pastor de Shetland e alguns SRDs. Gatos brancos e com cores de olho diferentes, um olho azul outro amarelo, por exemplo, também tem mais predisposição ao problema”, explica.

Segundo a veterinária, alguns medicamentos também podem provocar alterações significativas na audição dos animais. “Certos medicamentos podem causar surdez em cães por danificar a estrutura do ouvido. Os antibióticos aminoglicosídeos, em particular, podem ser prejudiciais em doses elevadas e quando os tratamentos são administrados por um longo período”, explica. “Um cão com esses medicamentos devem estar sob os cuidados de um veterinário”, conclui.

A Dra. Carla Berl lembra ainda que também entram na lista de fatores de risco para o surgimento do problema os acidentes e traumas. “Um acidente vascular cerebral ou uma pancada forte também podem lesionar nervos e ocasionar a surdez”, comenta.

Como identificar o problema

A médica veterinária ensina que a maneira mais eficaz de identificar as alterações auditivas dos pets é prestar atenção às mudanças de comportamento. “Ignorar os comandos de voz, latir menos, não notar a chegada dos tutores até que estejam no campo visual ou agir com surpresa e agressividade quando é tocado são alguns dos sinais que podem indicar a presença de problemas auditivos”, lista Carla.

Também é possível fazer testes para saber se está tudo bem com a audição do pet desde filhote. “A melhor maneira de testar a audição é selecionar um barulho que os filhotes não conhecem, como o som agudo de um apito”, explica a diretora do Pet Care. “Coloque o animal em ambiente tranquilo e deixe que ele reconheça o novo espaço. Quando o pet estiver focado em você peça para que alguém emita o som, fora do alcance visual do animal. O cão que escuta vai procurar de onde vem o som e o animal surdo continuará a olhar para você como se nada tivesse acontecendo”. A simples movimentação das orelhas indica que o animal está escutando.

 

Mas é necessário esperar25 dias após o nascimento para fazer o procedimento, pois neste período todos os cães escutam pouco. “O conduto auditivo está se abrindo e somente por volta dos 14 dias de vida é que os ouvidos se abrem e o animal pode começar a perceber os sons”, completa Dra Carla.

Como educar um cão surdo

Normalmente, os cães são educados com elogios e repreensão verbal. O cão é auditivo e olfativo e aprende muito com a entonação da voz humana. Em casos de animais surdos, o tutor terá que aprender ensiná-lo de outra forma. “Como o cão não pode ouvir o elogio verbal, o ideal será usar sinais com as mãos (treinamento visual) que poderá se tornar o principal meio de comunicação entre o dono e o cão surdo”, explica a veterinária.

 

Além dos recursos tradicionais (movimentos com as mãos), o tutor poderá usar lanternas para se comunicar durante a noite, ou ponteiras de laser, pois é muito mais brilhante que a luz normal e pode alcançar até 100 metros a noite. “Ao brilhar a ponto de laser na frente do cão, ou em uma parede, o tutor pode atrair a atenção do cão, mas nunca direcionar nos olhos do animal, pois pode causar desconforto ou lesar a retina”, finaliza Dra. Carla.

 

Novas regras facilitam manipulação de medicamentos para pets

Claudia de Lucca Mano*

Uma recente instrução normativa do Ministério da Agricultura passou a autorizar a farmácia magistral a manipular, no mesmo laboratório, medicamentos alopáticos e homeopáticos, de uso veterinário e de uso humano. Anteriormente, uma nota técnica conjunta do Ministério da Agricultura e ANVISA indicava que apenas seria possível o compartilhamento das áreas quando os insumos utilizados fossem comuns para uso humano e veterinário. Hoje não mais. A normativa permite também a armazenagem, estocagem, embalagem, rotulagem e dispensação em áreas comuns para produtos de uso veterinário e humano.

Desde dezembro de 2014, a Instrução Normativa nº 41/2014, representa excelente oportunidade para que farmácias magistrais se habilitem perante o Ministério da Agricultura para atenderem o mercado veterinário, em franca expansão em todas as regiões do país.

As farmácias de manipulação precisam obter, junto ao Ministério da Agricultura, a Licença para Manipulação de Medicamentos de Uso Veterinário, conhecida como Licença do MAPA, para realizar essa manipulação de medicamentos para pets.. Esta licença tem o objetivo de assegurar o cumprimento das normas de boas práticas de manipulação de produtos veterinários , IN 11/95, recém alterada pela norma de 2014.

Assim, farmácias que pretendem trabalhar com produtos para pets necessitam, para regularizar sua atividade, apenas requerer a Licença MAPA junto ao Ministério da

Agricultura. Caso operem também com produtos sob controle especial, da Port. 344/98 e atualizações, as farmácias devem possuir Autorização Especial (AE), emitida pela ANVISA. 

A vantagem da normativa é permitir que farmácias que já operam com medicamentos de uso humano se habilitem para veterinários sem realizar reformas ou alterações na estrutura física. 

De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), em 2013 o setor faturou R$ 15,2 bilhões, um aumento de 7,3% frente aos R$ 14,2 bilhões de 2012. Em um comparativo com outros segmentos, o mercado pet representa 0,31% do PIB nacional, à frente dos setores de geladeiras e freezers, componentes eletroeletrônicos e produtos de beleza.

Atualmente no Brasil existem aproximadamente 37,1 milhões de cães e 21,3 milhões de gatos. Além deles, há 26,5 milhões de peixes e 19,1 milhões de aves. Outros animais somam 2,17 milhões, totalizando 106,2 milhões de pets em escala nacional. O Brasil é a 4ª maior nação do mundo em população total de animais de estimação e a 2ª em cães e gatos.