Repelente protege dos mosquitos e evita dengue, zika e febre amarela

Confira seis dicas de como usar o produto e se prevenir do Aedes Aegypti

O ano começou com uma velha preocupação: as doenças transmitidas por mosquitos, em especial o Aedes Aegypti. Em 2016 e 2017, o Brasil sofreu com o surto de dengue, zika e chikungunya causado pelo Aedes Aegypti. Agora, outra doença que preocupa é a febre amarela. Apenas no Estado de São Paulo, entre os meses de janeiro e novembro de 2017, foram confirmados 52 casos de febre amarela e dez deles resultaram em óbito.

A febre amarela é transmitida pela picada de mosquitos infectados: os silvestres e os urbanos. Nas matas, quem transmite o vírus são os mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabathes, já nas cidades é o Aedes Aegypti, mesmo vilão da dengue, zika e chikungunya.

Para evitar os mosquitos, além de verificar os locais para não deixar água parada, é importante usar diariamente um bom repelente. Existem inúmeras opções disponíveis no mercado, mas, para maior proteção e segurança, os repelentes feitos à base de icaridinasão os mais indicados, já que oferecem ação prolongada, por até sete horas. Abaixo, Julinha Lazaretti, bióloga com pós-graduação em Imunologia e Diretora de Pesquisa e Desenvolvimento de produtos da Alergoshop (https://alergoshop.com.br/), respondeu algumas dúvidas frequentes com relação ao uso do produto. Confira: 

  • Como funciona o repelente? Ele repele devido ao cheiro?

Sim os repelentes agem formando uma “nuvem” de odor repulsivo aos insetos.

  • Tenho que passar de quanto em quanto tempo?

Como a eficácia depende de muitas variáveis, o ideal é que se use na frequência do menor tempo indicado no rótulo, pois os testes são feitos em ambientes controlados, diferente do que encontramos no dia a dia. Para os repelentes com Icaridina, o ideal é que reaplique a cada 7 horas nas temperaturas abaixo de 30ºC e a cada 4 horas nas temperaturas acima de 30ºC.

  • Existe um horário do dia que preciso dobrar a atenção e não ficar sem repelente?

Cada inseto possui um hábito diferente do outro. O Aedes Aegypt, por exemplo, tem o hábito de se alimentar mais ao amanhecer ou ao entardecer e costuma agir a meia altura, ou seja, nas pernas de um indivíduo em pé.

  • Como deve ser usado em relação ao protetor solar, hidratante  e maquiagem?

Os repelentes de Icaridina devem sempre ser usados por último, pois sua ação se dá pela vaporização do princípio ativo que forma uma “nuvem” sobre a pele e assim repele os insetos. O ideal é que seja utilizado 15 ou 20 minutos após a aplicação de outro produto (protetor solar, hidratante ou maquiagem).

  • Como o repelente deve ser aplicado (em quais partes do corpo) e qual a sua durabilidade na pele?

O repelente deve ser aplicado uniformemente nas áreas expostas do corpo. Vale ressaltar que sua ação só é observada muito próxima ao local aplicado, por isso é muito importante que a aplicação seja uniforme. Para evitar a inalação direta do repelente, nas partes altas do corpo como braços, colo, pescoço e rosto, recomenda-se que a aplicação do spray seja feita primeiro na mão e depois espalhada nestas regiões.

A repelência em testes variou em torno de 7 horas, mas esta eficácia depende da temperatura ambiente, já que quanto mais alta menor o tempo de repelência. É recomendado que a gestante, por exemplo, reaplique no máximo três vezes ao dia com intervalos de 4 horas.  É muito importante utilizar outros métodos de proteção como ficar longe dos focos de mosquito, evitar água parada e o uso de roupas compridas. Sempre antes da utilização de qualquer produto a gestante deve consultar seu médico para que ele faça uma avalição e recomende a melhor dosagem e cuidados.

  • O uso diário desse tipo de repelente durante toda a gestação pode acarretar em quais problemas para a mãe e para o bebê?

As grávidas devem evitar qualquer tipo de repelente caseiro, pois além de não terem passado por nenhum tipo de teste de segurança como os comercializados podem não ser eficientes, deixando a grávida exposta aos riscos de contaminação pelo Zika.

Os repelentes de mercado são obrigados a passar por testes de segurança e são avaliados pela ANVISA. Os à base de Icaridina podem ser utilizados em crianças acima de 2 anos e, portanto, são os que conseguem oferecer a melhor eficiência com menor risco. Embora este tipo de repelente já seja usado há mais de 20 anos na Europa e venha apresentando excelentes resultados e baixíssimos riscos, não há testes realizados em grávidas, por isso, o uso deve ser criterioso e acompanhado pelo obstetra.

São Paulo participa da Mobilização Nacional contra o Aedes aegypti

“Dia D” contará com cerca de 900 agentes de zoonoses em atuação; programação inclui atividades educativas e de eliminação de criadouros

          A Mobilização Nacional de combate ao mosquito Aedes aegypti, que tem o objetivo de promover ações educativas e de combate aos criadouros do vetor da dengue, chikungunya e Zika vírus, acontecerá nesta sexta-feira (8), das 9h às 17h. Entre as atividades que serão realizadas no município de São Paulo, estão previstas a intensificação das visitas casa a casa; ações com crianças em escolas municipais; operações cata-bagulho; orientação e distribuição de panfletos em estações de metrô, no Shopping Campo Limpo, Poupatempo Santo Amaro e Itaquera, em alguns terminais de ônibus, estações de metrô e locais de grande circulação de pessoas; distribuição de telas de caixa d’água e monitoramento de córregos, entre outras

         “Estamos trabalhando em diversas frentes para evitar o aumento de casos. Para isso, é fundamental combater o vetor com ações nos criadouros. Além das ações dos nossos agentes, é importante que a população fique alerta para reconhecer e combater os locais com água parada, ambiente propício ao Aedes. É importante lembrar que, em média, 85% dos criadouros estão dentro de casa”, afirma Wilson Pollara, secretario Municipal da Saúde,.

         A partir das 9h, no distrito de Campo Grande, na região Sul, ocorrerá uma intensificação de visita casa a casa para a eliminação de criadouros do mosquito e orientação aos moradores, com 20 agentes da Superintendência do Controle de Endemias (SUCEN) da Secretaria Estadual da Saúde e do Ministério da Saúde. A ação mobilizará também 15 agentes da Unidade de Vigilância em Saúde (UVIS) Santo Amaro/Cidade Ademar. Na ocasião, serão visitados 326 imóveis.

Combate ao Aedes em 2017

         As ações adotadas pela Prefeitura para o combate ao Aedes aegypti em 2017 diminuíram em 95,12% os casos autóctones de dengue em relação ao ano passado. Até 30 de novembro deste ano, foram registrados 794 casos de dengue contra 16.283 em 2016. Em relação à febre chikungunya, a redução foi de 80%: houve 10 casos em 2017 contra 50 no ano passado. E de Zika vírus, o município registrou três casos neste ano e 10 em 2016, redução de 70%.

         As medidas também mantiveram o Índice Predial (IP) do LIRAa (Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegipty), que mede a presença de larvas em imóveis, em nível satisfatório, segundo critérios do Ministério da Saúde. O IP de outubro deste ano é de 0,14. O LIRAa é feito três vezes ao ano – janeiro, junho e outubro.

Capacitação para combate ao Aedes aegypti durante as inspeções sanitárias

A Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) realizou, no último dia 1º, no Centro Universitário São Camilo, uma capacitação para as autoridades sanitárias que realizam inspeções. O objetivo foi sensibilizar os agentes que atuam em outras áreas da Covisa, como Saúde do Trabalhador e nas áreas de Vigilância de Produtos e Serviços de Interesse da Saúde, a pensarem em estratégias que possam contribuir para a eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti e auxiliar no controle das arboviroses.

No encontro foram abordados temas como a situação epidemiológica das arboviroses, o controle de vetor e a legislação pertinente. “É sempre bom enfatizar para as autoridades sanitárias a importância de observarem a presença de água parada nos estabelecimentos durante as inspeções”, explica o coordenador do Programa Municipal de Controle das Arboviroses, Eduardo de Masi.

Serviço

Ação para eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti – Intensificação de visita casa a casa

Data/hora: sexta-feira (8), a partir das 9h

Ponto de encontro: Praça Alcindo Rocha Campos X Avenida Nossa Senhora do Sabará, em frente ao Cemitério do Campo Grande.

Síndrome de guillain-barré – entenda os riscos da doença

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil ainda é o país mais afetado pelo vírus Zika. Esse atual cenário afeta diretamente os números de casos da síndrome de Guillain-Barré, uma doença universal que já acomete 34 países com uma incidência de 1 a 4 casos por 100.000 habitantes.

Trata-se de uma síndrome aguda, provavelmente de origem autoimune, classificada dentro do grupo das doenças que afetam o sistema nervoso. Segundo o neurocirurgião pediátrico Sérgio Cavalheiro, do Hospital e Maternidade Santa Joana, a síndrome causa um processo inflamatório que altera a condução do estímulo nervoso ocasionando fraquezas e paralisias. “A maior manifestação clínica é a fraqueza, tanto nos braços como nas pernas, iniciando nos membros inferiores. Os músculos intercostais, do tronco, do pescoço também são acometidos, porém mais tardiamente. Esses sintomas ocorrem em um terço dos pacientes, gerando um grande desconforto muscular”, explica o especialista.

A doença atinge pessoas de ambos os sexos e todas as idades, além dos antecedentes de infecções bacterianas ou virais do trato respiratório e gastrointestinal que estão entre os 60 a 70% dos casos, como alerta o Dr. Sérgio. “Vários vírus estão sendo implicados como causadores da Síndrome de Guillain-Barré, tais como Epstein Barr, Citomegalovírus, HTLV-1, Vírus da imunodeficiência humana. Além disso, o aumento do número de casos no país em indivíduos infectados pelo Zika vírus nos fez analisar a forte associação entre a síndrome e o vírus”.

De acordo com o médico, o diagnóstico é clínico e conta com alguns exames complementares como o exame do líquido cefalorraquidiano e a eletroneuromiografia. “A análise do líquido cefalorraquidiano demonstra elevação importante da proteína com número de células normais ou próximo do normal, já que o aumento máximo de proteínas no líquido cefalorraquidiano acontece após quatro a seis semanas do início dos sintomas da doença. Já a eletroneuromiografia – estudo dos nervos periféricos e músculos – apresenta dados da condução nervosa”, explica o neurocirurgião.

Geralmente, 90% dos pacientes apresentam uma excelente evolução com melhora clínica em até 18 meses após o início da doença. Em apenas 2% dos casos, a fraqueza pode evoluir para total paralisia levando o paciente ao óbito por falência respiratória em alguns dias. Nesses casos, a necessidade de suporte ventilatório e a ausência de melhora funcional três semanas após a doença ter atingido o pico máximo são sinais da evolução grave da síndrome de Guillain-Barré. A evolução clínica da doença nas crianças ocorre de forma diferente se comparada com os adultos, pois a recuperação é mais rápida e completa nesta faixa etária.

Segundo o médico, a síndrome de Guillain-Barré não tem uma cura específica, porém alguns tratamentos se mostraram eficazes na recuperação do paciente. “Hoje temos dois tipos de tratamento, a plasmaferese e o uso de altas doses de imunoglobulinas. Na primeira, retira-se grande quantidade de plasma do paciente, e com isso se diminui a ação autoimune da doença que agride a mielina. O tratamento endovenoso com altas doses de imunoglobulinas também pode ser utilizado e costuma apresentar os melhores resultados, pois apresenta respostas mais rápidas com menos complicações, sem restrições de idade”.

Além disso, o tratamento de suporte também é essencial para os pacientes, pois na falência respiratória o indivíduo precisa ser tratado em unidades de terapia intensiva e respiração mecânica. É recomendado um acompanhamento de fisioterapia para estimular a movimentação passiva das articulações durante todo o período de recuperação para evitar deformidades.